segunda-feira

FELIZ NATAL



para todos os que por aqui passaram, me incentivaram, o meu obrigado

André


Reflexão sobre o 1º período


As aulas correram bem, mas eu talvez não tivesse trabalhado tanto quanto devia… . Fiz composições, mas não muitas, tive ajuda nos trabalhos em que tinha dúvidas e isso foi muito bom bem e também foi agradável e proveitoso o trabalho com computador.
No 2º período , eu gostava de fazer na mesma composições, dar respostas escritas a questionários sobre textos, ler muitos textos para aprender palavras novas e analisar desenhos, imagens, etc.
Penso que, no 1º período, a nota deve ser igual à do ano passado, isto é, 13 valores.


Nova Iorque - 1ª parte



Imagem da web


É a cidade mais populosa dos Estados Unidos, com 8 milhões de habitantes, tem a sede da Organização das Nações Unidas e grande variedade étnica e racial. É uma cidade rica mas com grande desigualdade social, tem muitos sem abrigo, que vivem nas ruas. Esta é actualmente a grande cidade mais segura dos Estados Unidos e continua a ser considerada uma das cidades mais interessantes e fascinantes para muita pessoas, atraindo mais turistas do que qualquer outra cidade americana. Também é considerada a cidade mais cosmopolita do mundo. Tem muitos e famosos museus. Por exemplo, o Metropolitan Museum of Art que eu muito gostaria de visitar. Este Museu é enorme, com cerca de 250 salas e mais de 2 milhões de obras de arte de todos os tempos e lugares, desde peças do neolítieo à arte islâmicas, passando pela arte moderna de Picasso.
Tem tantos pontos de interesse…. Mas só vos vou contar como é depois das férias…

quinta-feira


15 de Novembro - Dia da Língua Gestual Portuguesa




enviada pelo Professor Goulão


Conferência Internacional 'CULTURA SURDA'


A Associação Portuguesa de Surdos vai organizar a Conferência Internacional sobre o tema “CULTURA SURDA” no âmbito do Ano Europeu do Diálogo Intercultural, que se realizará no Cinema S. Jorge, em Lisboa, no dia 15 de Novembro de 2008.




A Língua Gestual Portuguesa (LGP) é a língua natural da Comunidade Surda, sendo a língua materna para os filhos de pais surdos.

É uma língua visual, baseada em movimentos, configuração e orientação das mãos, na expressão facial e corporal.

Não sendo universal, a língua gestual tem regras fixas e uma gramática própria. Daí que se torne quase impossível utilizar em simultâneo a língua oral e a língua gestual, porque têm gramáticas diferentes.

A Língua Gestual Portuguesa também tem um dicionário próprio, o Gestuário, onde os significados aparecem sob a forma de gestos.


**** videos em LGP


segunda-feira

Castelo de Vide




Imagem retirada - cumprindo a vontade do seu Autor.

Obrigado.



Já fui muitas vezes a Castelo de Vide porque os meus tios moram lá. Quando vamos para a casa dos meus avós, em alguns fins semana, sempre vamos a casa dos meus tios e à noite, normalmente, vamos até ao café para descansar, encontrar pessoas amigas ou simples conhecidas e conversamos coisas.
Eu e minha irmã gostamos muito de ir à piscina, que é perto, a cerca de 5 minutos. Só há uma piscina, mas é nova, foi construída no ano passado. A minha irmã prefere sempre ir à piscina ou à praia, mas eu fico farto porque isto cansa-me muito, sempre a mesma coisa, todo o dia, eu também gosto de piscina e de praia, mas menos tempo porque gosto de variar, de passear, de conhecer pessoas e locais. Castelo de Vide é uma terra muito bonita, com muitas coisas para conhecer, ver, tornar a ver, então gosto mais de ir passear do que ficar todo o dia dentro de água ou deitado ao sol.

O Castelo de Vide fica no Alto Alentejo, no distrito de Portalegre, já muito perto de Espanha.




Proponho-vos o seguinte Roteiro:




  • Igreja Matriz de Santa Maria da Devesa, do séc.XVII.








    • Fonte do Ourives.



    Em mármore branco, de 1889. O nome vem do facto de no local ter havido uma loja de ourives.





    • Fonte de Martinho.




    Situada já à saída de Castelo de Vide, em direcção a Portalegre, esta fonte é dos finais do séc. XVII.






    • Fonte da Vila.







    • Fonte do Montorinho.







    Para além das fontes, de que muito gosto, é fundamental a visita à Judiaria




    não esquecendo o interior do espaço muralhado, de onde se têm vistas deslumbrantes da planície alentejana

    e, finalmente, apreciar o rico artesanato local




    quinta-feira


    PORTALEGRE





    foto da web



    Há três anos, fui a Portalegre, a casa dos meus avós, para os ver mas também para conhecer melhor a cidade e a sua história. No dia seguinte a ter chegado, fui, com os meus pais e irmã ao Museu, ver as histórias de Portalegre, eu queria saber mais sobre a terra dos meus avós, como nasceu, como se desenvolveu, o que aconteceu de importante nesta cidade do Alto Alentejo, terra de escolha do escritor José Régio e a quem fez o poema “Toada de Portalegre”. Agora já percebi que Portalegre é uma das mais antigas cidades de Portugal. Quando eu estava a andar, de repente uma fotografia enorme, tirada talvez de avião ou de helicóptero, chamou a minha atenção. Nesta foto está toda a cidade e os arredores, gostei muito de ver. Também gostei de apreciar outros quadros, e as famosas louças e tapeçarias de Portalegre.
    O museu é muito interessante, porque lá há muitos quadros para ver e coisas antigas para aprender. Os meus pais também ficaram muito interessados. Enfim nós gostámos muito de ver o Museu de Portalegre e havemos de lá voltar.
    Infelizmente, eu não tirei nem uma foto, porque me esqueci da máquina em casa dos meus avós e eu fiquei triste, porque queria guardar as fotos para me lembrar.





    De José Régio, “Toada de Portalegre”


    Em Portalegre, cidade
    Do Alto Alentejo, cercada
    De serras, ventos, penhascos, oliveiras e sobreiros
    Morei numa casa velha,
    À qual quis como se fora
    Feita para eu Morar nela...

    Cheia dos maus e bons cheiros
    Das casas que têm história,
    Cheia da ténue, mas viva, obsidiante memória
    De antigas gentes e traças,
    Cheia de sol nas vidraças
    E de escuro nos recantos,
    Cheia de medo e sossego,
    De silêncios e de espantos,
    - Quis-lhe bem como se fora
    Tão feita ao gosto de outrora
    Como as do meu aconchego.

    Em Portalegre, cidade
    Do Alto Alentejo, cercada
    De montes e de oliveiras
    Ao vento suão queimada
    ( Lá vem o vento suão!,
    Que enche o sono de pavores,
    Faz febre, esfarela os ossos,
    E atira aos desesperados
    A corda com que se enforcam
    Na trave de algum desvão...)
    Em Portalegre, dizia,
    Cidade onde então sofria
    Coisas que terei pudor
    De contar seja a quem fôr,
    Na tal casa tosca e bela
    À qual quis como se fora
    Feita para eu morar nela,
    Tinha, então,
    Por única diversão,
    Uma pequena varanda
    Diante de uma janela

    Toda aberta ao sol que abrasa,
    Ao frio que tosse e gela
    E ao vento que anda, desanda,
    E sarabanda, e ciranda
    De redor da minha casa,
    Em Portalegre, cidade
    Do Alto Alentejo, cercada
    De serras, ventos, penhascos e sobreiros
    Era uma bela varanda,
    Naquela bela janela!

    Serras deitadas nas nuvens,
    Vagas e azuis da distância,
    Azuis, cinzentas, lilases,
    Já roxas quando mais perto,
    Campos verdes e Amarelos,
    Salpicados de Oliveiras,
    E que o frio, ao vir, despia,
    Rasava, unia
    Num mesmo ar de deserto
    Ou de longínquas geleiras,
    Céus que lá em cima, estrelados,
    Boiando em lua, ou fechados
    Nos seus turbilhões de trevas,
    Pareciam engolir-me
    Quando, fitando-os suspenso
    Daquele silêncio imenso,
    Sentia o chão a fugir-me,
    - Se abriam diante dela
    Daquela
    Bela
    Varanda
    Daquela
    Minha
    Janela,
    Em Portalegre, cidade
    Do Alto Alentejo, cercada
    De serras, ventos, penhascos, oliveiras e sobreiros
    Na casa em que morei, velha,
    Cheia dos maus e bons cheiros
    Das casas que têm história,
    Cheia da ténue, mas viva, obsidiante memória
    De antigas gentes e traças,
    Cheia de sol nas vidraças
    E de escuro nos recantos,
    Cheia de medo e sossego,
    De silêncios e de espantos,
    À qual quis como se fora
    Tão feita ao gosto de outrora
    Como as do meu aconchego...

    Ora agora,
    ?Que havia o vento suão
    Que enche o sono de pavores,
    Faz febre, esfarela os ossos,
    Dói nos peitos sufocados,
    E atira aos desesperados
    A corda com que se enforcam
    Na trave de algum desvão,
    Que havia o vento suão
    De se lembrar de fazer?

    Em Portalegre, dizia,
    Cidade onde então sofria
    Coisas que terei pudor
    De contar seja a quem for,
    Que havia o vento suão
    De fazer,
    Senão trazer
    Àquela
    Minha
    Varanda
    Daquela
    Minha
    Janela,
    O documento maior
    De que Deus
    É protector
    Dos seus
    Que mais faz sofrer?

    Lá num craveiro, que eu tinha,
    Onde uma cepa cansada
    Mal dava cravos sem vida,
    Poisou qualquer sementinha
    Que o vento que anda, desanda,
    E sarabanda, e ciranda,
    Achara no ar perdida,
    Errando entre terra e céus...,
    E, louvado seja Deus!,
    Eis que uma folha miudinha
    Rompeu, cresceu, recortada,
    Furando a cepa cansada
    Que dava cravos sem vida
    Naquela
    Bela
    Varanda
    Daquela
    Minha
    Janela
    Da tal casa tosca e bela
    Á qual quis como se fora
    Feita para eu morar nela...

    Como é que o vento suão
    Que enche o sono de pavores,
    Faz febre, esfarela os ossos,
    Dói nos peitos sufocados,
    E atira aos desesperados
    A corda com que se enforcam
    Na trave de algum desvão,
    Me trouxe a mim que, dizia,
    Em Portalegre sofria
    Coisas que terei pudor
    De contar seja a quem for,
    Me trouxe a mim essa esmola,
    Esse pedido de paz
    Dum Deus que fere ... e consola
    Com o próprio mal que faz?

    Coisas que terei pudor
    De contar seja a quem for
    Me davam então tal vida
    Em Portalegre; cidade
    Do Alto Alentejo, cercada
    De serras, ventos, penhascos, oliveiras e sobreiros,
    Me davam então tal vida

    - Não vivida!, sim morrida
    No tédio e no desespero,
    No espanto e na solidão,
    Que a corda dos derradeiros
    Desejos dos desgraçados
    Por noites do tal suão
    Já varias vezes tentara
    Meus dedos verdes suados...

    Senão quando o amor de Deus
    Ao vento que anda, desanda,
    E sarabanda, e ciranda,
    Confia uma sementinha
    Perdida entre terra e céus,
    E o vento a trás à varanda
    Daquela
    Minha
    Janela
    Da tal casa tôsca e bela
    À qual quis como se fôra
    Feita para eu morar nela!

    Lá no craveiro que eu tinha,
    Onde uma cepa cansada
    Mal dava cravos sem vida,
    Nasceu essa acàciazinha
    Que depois foi transplantada
    E cresceu; dom do meu Deus!,
    Aos pés lá da estranha casa
    Do largo do cemitério,
    Frente aos ciprestes que em frente
    Mostram os céus,
    Como dedos apontados
    De gigantes enterrados...
    Quem desespera dos homens,
    Se a alma lhe não secou,
    A tudo transfere a esperança
    Que a humanidade frustrou:
    E é capaz de amar as plantas,
    De esperar nos animais,
    De humanizar coisas brutas,
    E ter criancices tais,
    Tais e tantas!,
    Que será bom ter pudor
    De as contar seja a quem for!

    O amor, a amizade, e quantos
    Mais sonhos de oiro eu sonhara,
    Bens deste mundo!, que o mundo
    Me levara,
    De tal maneira me tinham,
    Ao fugir-me, Deixando só, nulo, vácuos, A mim que tanto esperava
    Ser fiel,
    E forte,
    E firme,
    Que não era mais que morte
    A vida que então vivia,
    Auto-cadáver...

    E era então que sucedia
    Que em Portalegre, cidade
    Do Alto Alentejo, cercada
    De serras, ventos, penhascos, oliveiras e sobreiros
    Aos pés lá da casa velha
    Cheia dos maus e bons cheiros
    Das casa que têm história,
    Cheia da ténue, mas viva, obsidiante memória
    De antigas gentes e traças,
    Cheia de sol nas vidraças
    E de escuro nos recantos,
    Cheia de medo e sossego,
    De silêncios e de espantos,
    - A minha acácia crescia.

    Vento suão! obrigado...
    Pela doce companhia
    Que em teu hálito empestado
    Sem eu sonhar, me chegara!

    E a cada raminho novo
    Que a tenra acácia deitava,
    Será loucura!... mas era
    Uma alegria
    Na longa e negra apatia
    Daquela miséria extrema
    Em que vivia,
    E vivera,
    Como se fizera um poema,
    Ou se um filho me nascera.



    Versos obtidos em "http://pt.wikipedia.org/wiki/Toada_de_Portalegre"



    segunda-feira

    El Loco, O Escorpião Rei







    O guarda-redes chama-se José René Higuita Zapata é natural da Colômbia, nasceu no dia 28 de Agosto de 1966 em Medellín, Colômbia. Ficou conhecido como El Loco, O Escorpião Rei porque no ano de 1998, durante o jogo entre a Colômbia e a Inglaterra, um jogador inglês tentou marcar um golo, mas o guarda-redes da Colômbia fez uma defesa espectacular, nunca antes vista, os espectadores ficaram impressionadas, levantaram-se, bateram palmas com muito entusiasmo, gritaram, foi um delírio. E a esta defesa de Higuita chamaram ‘defesa escorpião’ porque ele defendeu a entrada da bola na baliza com os pés levantados atrás tal e qual como o escorpião faz.







    13 - 10 - 2008 - "o jogo" - I






    quinta-feira

    9-10-2008

    Lisboa, 09 de Outubro de 2008

    Carlos,

    Olá! Tudo bem? Como foi o dia na tua escola? Correu bem?


    Olha, preciso de combinar um encontro contigo para te dar o teu trabalho, deve estar a fazer-te falta, não? Responde logo que possas para vermos como nos podemos encontrar por causa do meu horário que é muito cheio.
    Ouvi falar que a tua mãe está doente, espero que já esteja de boa saúde, ou que já esteja melhor. E com o teu pai, está tudo bem? Na semana passada, vi o teu pai quando ia a atravessar na passadeira e ele tinha um aspecto de muita confiança, não parava de sorrir. Novidade: durante um mês vou estar sozinho porque os meus pais foram em trabalho para a Dinamarca. É engraçada a situação, por um lado, é mais difícil para mim porque tenho de fazer tudo, compras, comida, arrumar a casa, mas, por outro lado, é mais divertido porque eu posso sempre sair com os meus amigos quando quero sem ter de estar a pedir autorização. Queres aparecer um dia destes?


    Não esqueças, responde-me depressa!

    Um abraço do teu amigo,


    André

    11º ano - este ano!







    Já começou a escola há 2 semanas, eu fiquei muito surpreendido porque vi muitos alunos novos, mas já estou habituado, também há 7 surdos são interessantes e eu fiquei muito feliz, porque no ano passado só havia 3 surdos no 12ºano, eu pensei que este ano ia ficar sozinho, mas não!
    Há 1 surdo que eu já conhecia é o meu segundo melhor amigo.
    Ele ficou muito feliz por eu estar com ele e podermos conversar.
    A minha turma não é igual à do ano passado, só há uma rapariga que era do ano passado, eu gosto da minha nova turma.
    Este ano é cada vez mais difícil, porque as disciplinas não são fáceis, mas preciso de fazer esforço para passar o ano.


    segunda-feira

    quarta-feira



    Memórias das minhas férias da Páscoa 2008







    Na primeira semana, fomos a Portalegre para vermos os meus avós. Antes de irmos para a casa deles ainda demos uma volta pela cidade, de que gosto muito porque é antiga e muito bonita. Já cansados, fomos para casa dos avós maternos que ficaram muito contentes por nos ver.
    Nos dias seguintes, nós, os meus pais e a minha irmã, passeámos por Portalegre, admirámos as casa, apreciámos as igrejas, vimos os monumentos, as pessoas, o ambiente.
    Ao 3ªdia, almoçámos em casa dos avós paternos, que também moram nesta linda terra alentejana. Depois do almoço, e antes de regressarmos a casa dos pais da minha mãe, demos mais um grande passeio pela cidade, apercebemo-nos que há poucos jovens nas ruas e que a maioria das pessoas que encontrámos já têm uma idade avançada.
    Na segunda semana de férias, fomos para Armação de Pêra (Algarve) para passear e irmos para a praia e também para a piscina. Um amigo do pai emprestou-nos a casa por uns dias. Que bom! Não gastámos dinheiro com o alojamento.
    Passeámos muito pelas ruas e pela praia. Não tomámos banho no mar porque estava frio, apesar de haver sol.
    Umas vezes comemos no restaurante, outras vezes a minha mãe cozinhava e o pai ajudava. Nós, eu e a minha irmã, só comíamos.
    Na zona onde ficámos, os prédios são novos, pena não haver mais árvores.
    O prédio tinha piscina, mas estava frio para nadar, mergulhar…
    Resumindo, passei uns bons momentos ,diverti-me muito durante as férias.


    Agora, começou o 3º período. Tenho de estudar e trabalhar muito.




    segunda-feira


    A HISTÓRIA DA MINHA VIDA





    Quando eu era bébé, dormia muito, pois qualquer barulho que pudesse haver, não me incomodava porque já era surdo. Os meus pais ainda não sabiam.
    Quando eu tinha 6 meses, só gritava, não fazia aquele palrear normal dos bebés, mas os meus pais pensavam que era normal, pois estavam longe de imaginar o problema que se seguia.
    Quando a minha mãe ficou grávida da minha irmã, eu tinha nove meses e levava- me sempre com ela.
    O médico começou a estranhar de eu só gritar e disse à minha mãe para marcar uma consulta numa psicóloga em Beja.
    Fui a essa consulta e a senhora disse que eu ouvia, não falava porque era preguiçoso e todas as semanas ia àquela consulta.
    Andei lá um ano, mas os meus pais já estavam chateados, porque eu estava sempre na mesma.
    Então a psicóloga marcou- me uma consulta de Otorrinolaringologista com um médico que era amigo dela.
    Quando fomos a esse médico, ele esteve a observar-me e disse que se eu fosse surdo era pouco, marcou um exame que vim fazer a Lisboa, teve que ser feito com anestesia geral para eu não me mexer. Esse exame então acusou surdez severa à direita e profunda à esquerda.
    Foi um choque muito grande para os meus pais. Depois fui encaminhado para o hospital de Santa Maria, onde fui atendido por um médico muito jovem que, quando viu os exames que a minha mãe levava, disse aos meus pais que eu não era surdo, rindo-se na cara deles e receitou-me o Maxilase e o Actifed para tomar durante 3 meses. Nesta altura, eu já tinha quase três anos.
    Ao fim desses três meses, fomos a outra consulta e fomos atendidos pelo mesmo médico que voltou a dizer que eu não era surdo. Então a minha mãe, já irritada, disse ao médico que era muito bom que eu não fosse surdo, mas, infelizmente, era preciso ela gritar para eu ouvir alguma coisa.
    O médico, ao ouvir a minha mãe, resolveu encaminhar-me para outro médico mais experiente e esse então explicou tudo aos meus pais e passou a receita das próteses que eu tinha que usar, pois o meu problema não tinha cirurgia possível, só mesmo as próteses podiam ajudar alguma coisa e, claro, uma equipa de apoio, incluindo terapia de fala e Língua Gestual.
    Esse foi outro problema que os meus pais tiveram que enfrentar, porque viviamos em Vila Nova de Milfontes e lá não havia nada do que eu precisava. Só em Beja, mas, de Milfontes a Beja levavamos 2 horas de carro, o que era muito cansativo, e quando lá chegava já não queria fazer nada.
    Então o meu pai, que era Guarda-Fiscal, pediu transferência para vir o mais rápido possível, pois eu já tinha perdido muito tempo.
    Mas teve que passar para a G.N.R. para poder vir mais rapidamente.
    A minha mãe não trabalhava e então não teve problema nesse campo.
    Entretanto, a minha irmã teve um problema numa perna e teve que ficar internada no hospital de ortopedia, em Montemor, durante um mês, e a minha mãe teve que ficar lá com ela.
    Foi mais uma dificuldade para mim. Nunca tinha ficado sem a minha mãe. A minha avó paterna foi para a minha casa tomar conta de mim, mas eu estava revoltado e, um dia, tirei uma prótese e atirei-a pela varanda de um 2º andar. A minha avó ficou muito aflita, mas, felizmente, a prótese não se estragou.
    Entretando, o meu pai foi transferido para Lisboa e nós ainda ficámos em Milfontes seis meses, até o meu pai arranjar casa e organizar a vida.
    Quando comecei a ter apoio tinha 4 anos depois havia outro problema: eu precisava de andar num infantário para conviver com crianças ouvintes, só que os infantários estavam cheios.
    Então no infantário Pica-Pau, no Seixal, deixaram que eu fosse todos os dias 2 horas, mas a minha mãe tinha que estar comigo, pois eles não se podiam responsabilizar por mim.
    De manhã, ia para o Pica-Pau e, de tarde, ia para a Cruz de Pau para o apoio, só que não havia terapia da fala e a minha mãe ia duas vezes por semana comigo a Alhos Vedros.
    Aos 5 anos, entrei na pré-primária, na Escola nº2 de Paio Pires e aí já era uma Senhora que ia dar-me apoio lá.
    Aos 6 anos, entrei na primária e aprendi a ler logo no primeiro ano, graças a uma professora que era exclente e que nos ensinou a ler não só a mim, mas também a todos os meus colegas ouvintes, porque nesta turma só eu é que era surdo.
    Através de gestos (cada letra tinha um gesto) e, apesar destes não serem iguais aos verdadeiros gestos que eu aprendia com a rofessora de Língua Gestual, nunca fiz confusão e aprendi a ler rapidamente.
    O meu horário escolar era de manhã e depois, de tarde, ia para a Cruz de Pau ter apoio, Língua Gestual e terapia da fala. Nesta altura, já havia terapia da fala na Cruz de Pau.
    Aos 7 anos, fiz o 2ºano também em Paio Pires e aos 8 passei para a escola nº1 dos Foros de Amora, pois o apoio foi introduzido naquela escola.
    Abalava de casa às 7 horas da manhã no autocarro da câmara, entrava às 8 horas na escola na turma de crianças ouvintes e saía às 13 horas. Depois ia para A.T.L., que era nessa mesma escola. Almoçava e ia para o apoio toda a tarde até às 18 horas. Depois o autocarro ia-me buscar e chegava a casa às 19 horas. Era muito cansativo, tomava banho, jantava e ia para a cama, quase não tinha tempo para estar com a minha irmã e com os meus pais.
    No 4ºano foi a mesma coisa. Perdi o ano e voltei a repeti-lo.
    Quando vim para a escola 2,3 da Cruz de Pau, já fiquei com mais tempo livre. E, nesses tempos livres, a minha mãe ajuda-me muito, pois ela nunca trabalhou para me dar toda a assistência que eu tenho precisado. Agora é que anda a trabalhar, porque eu já sou grande, apesar de precisar ainda muito da ajuda dela como, por exemplo, para fazer este trabalho e os trabalhos de casa.
    No Verão, estava triste porque já tinha acabado o 9ºano, na Escola Básica 2,3 da Cruz de Pau, e ia começar uma nova etapa de vida, mais longe de casa, num ambiente desconhecido.
    Em Setembro mudei para outra escola, esta escola chama-se "Escola Artística António Arroio" e é em Lisboa. A escola é maior do que outra escola, tem um intérprete para eu perceber as coisas dos trabalhos. Mas não tenho intérprete a todas as disciplinas, só inglês, filosofia, história e projecto. Tenho mais dificuldade na disciplina de história porque as perguntas são muito complicadas e a professora fala muito, eu fico confuso. Eu gosto mais da disciplina de inglês porque na aula corre tudo bem, depois aprendo uma língua estrangeira e é bom para um futuro trabalho porque o inglês é a língua mais falada em todo o mundo. Eu gosto da escola, mas é um pouco cansativo porque levanto-me às 6:30h, depois apanho muitos transportes, o autocarro, o barco e o metro. Na verdade, tem aspectos positivos, vejo muitos pessoas, o barco quase sempre cheio, o rio, a ponte, casas, o trânsito... observo, aprendo... cresço!
    É assim a história da minha vida que, apesar de não ser muito longa, já tem muito que contar.
    Mas, apesar de tudo isto, tenho sido muito feliz.
    André Muralhas