sexta-feira

Viagem à minha infância


Estou à porta de uma casa antiga, velha. A casa da minha infância. Empurro o portão. Entro na casa. Atrevesso o corredor, comprido e escuro. Ao fundo, há uma porta, que empurro. Subo as escadas que rangem. Chego lá em cima, ao sotão. Lá há armários, resmas de jornais antigos, malas, caixotes. A um canto, uma arca velha. Aproximo-me. Levanto a tampa e lá dentro… Tinha várias fotografias da minha infância, vi a cara dos meus pais em novos que nunca tinha visto antes porque os meus pais deixaram-me na entrada da casa dos meus tios. Fiquei muito triste porque queria ver os meus pais, mas eu não sabia se eles ainda são vivos ou não. É um desejo muito especial este, queria ver as caras dos meus pais, conhecê-los. Vi em algumas fotos que eu estava ao colo da minha mãe e também do pai, eles parecem felizes e carinhosos com o bébé. Penso muitas vezes porque eles me deixaram? Porque em outras fotos parecem ter ficado cada vez mais felizes. Algo, não estava bem. Então naquele momento eu decidi ir à biblioteca para tentar descobrir o passado dos meus pais. Passado muito tempo, eu descobri que a minha mâe teve problemas mentais foi para a América para procurar curar a doença. Ficou na América cerca de 10 anos, mas não se conseguiu curar. Um dia, a minha mãe fugiu do hospital nunca mais ninguém a viu. Eu fque supreendido e triste. Faltava ainda o meu pai, mas desta vez ainda não consegui descobrir o seu passado. Quando voltei para casa, contei aos meus tios, mas eles já sabiam que os meus pais tinham problemas. Eu fiquei muito zangado, porque os meus tios não me contaram nada, insisti, fiz muitas perguntas porque queria saber como eram os meus pais. Os meus tios disseram-se para não pensar muito nelas e esquecer as saudades e explicaram-me que não me contaram para eu não sofrer mais e pediram desculpa. Eu desculpei, claro, mas sinto-me triste por ter esperado tanto tempo, mais de 20 anos, para saber a verdade sobre os meus pais. No entanto fico contente por ter ido ao sótão pois foi graças à velha fotografia que comecei a encarar a vida de um modo diferente, sem me sentir abandonado pelos meus pais.


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